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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


Cansei, cansei de me levantar sem nada para fazer, cansei não ter ninguém à minha espera, cansei perder tudo em tão pouco tempo, cansei a vida ensaiada que levava, digna de aplausos, tão perfeitinha, toda encenada a rigor, onde a vedeta era apenas eu. Mas faltava qualquer coisa. Todos sabemos que um monólogo não é assim tão interessante, os cenários eram imensos, os acessórios eram mais que muitos, e a personagem era só uma. Mas que sentido tem isto? Faltava a outro lado, aquele lado romântico das duas personagens estupidamente felizes, a andar de um lado para outro, quando de repente algo corria mal, mas todos nós sabíamos que no fim existiria sempre o tal «felizes para sempre.» e era aqui que te encaixavas na imensa representação a que estava disposto a actuar em frente do palco, o maior de todos, o mundo. Ajoelhei-me, faltava tão pouco tempo para as cortinas abrirem, não havia tempo para esperar, precisava de ti para os aplausos finais, precisava de ti para encher os espectadores de lágrimas, por favor, corre. Não voltes a chegar atrasado. (…) Não me resta tempo. O alvoroço é gerado nos bastidores, oiço indicações de tudo o que é gente, tenho a cabeça à roda, o corrupio é enorme deste lado. Já oiço a contagem decrescente, “ 3, 2, 1, o espectáculo começou”. Não apareceste e eu não tive forças para continuar sozinho, as cortinas abriram mas o palco permaneceu vazio.

terça-feira, 25 de outubro de 2011



E mais uma vez o ar encheu-se do aroma mais selvagem que alguma vez sentira, tão intenso, tão agradável, tão cheio de recordações… onde mais uma vez encostado á árvore botava abaixo a ultima gota de álcool que a garrafa ainda continha, fugia ao frio desagradável que se proporcionava tão drasticamente, o corpo exalava calor, um tão imenso calor que me causava arrepios,  que me levava a permanecer de olhos fechados concentrado nas memorias do passado, na vida do presente, nas escolhas do futuro. Estaria seguro se tudo se baseasse á imensa liberdade com que sempre sonhei, á imensa risota que era gerada em meu torno, á troca de carinho mutuo, á mais pequena troca de olhar de felicidade ou até de insegurança que me levava mais uma vez, á pequena lágrima tão conhecida, no canto dos meus olhos.